Viagem
muita coisa estranha, quase mágica, pelo caminho...
Torres que nos levam ao céu da imaginação ou, pelo menos, muito alto... |
e uma luz...sempre uma luz...
muita coisa estranha, quase mágica, pelo caminho...
Torres que nos levam ao céu da imaginação ou, pelo menos, muito alto... |
e uma luz...sempre uma luz...
A última mala entrara, finalmente, no carro. Conseguiram sair da cidade com relativa facilidade. Apercebeu-se que os persistentes pensamentos permaneciam na sua mente. Como uma tatuagem. Como se alguém tivesse aberto uma porta no seu subconsciente. Uma porta que nunca suspeitara existir.
Carregou no acelerador, como se nunca tivesse feito outra coisa na vida. Pela primeira vez, desejava a sensação de vertigem, de risco, de competição desenfreada com os outros. Os filhos e a mulher já não cantavam o Malhão. Ou qualquer outra canção infantil. Estavam de olhos esbugalhados, observando o ziguezaguear frenético por entre os carros, as buzinadelas, os insultos. Os putos sentiam-se excitados! Então era este o pai que não conheciam. Afinal de contas, estas férias prometiam.
Ao seu lado, a mulher sussurou
"-Querido, estás bem? Queres que conduza?"
Olhou para ela com um esgar Jack Nicholsoniano
"-Estou óptimo!"
O ponteiro indicava agora 200 quilómetros à hora.
(cont.)