História Fabulosa

Acontecera, ao que parece, no Verão passado. Com rigor e determinação, ter-se-ia obrigado a meter, pela primeira vez na sua vida, uma semana de férias. Reparou, ao anunciar esta fantástica nova, que a mesma não havia caído bem na sua família. É difícil quebrarem-se as tradições, por mais liberais e progressistas que as famílias sejam, pensou. O restante agregado familiar, afinal, sempre se habituara, deste a mais tenra idade (tanto em termos de história da fase do namoro / casamento como em termos de idade cronológica da criançada) se habituaram a não contar com a sua presença para férias, feriados ou fins-de-semana prolongados. E faziam despreocupadamente. Para eles, a coisa mais natural do mundo era passarem todos férias sem o pai, que estaria a trabalhar afincadamente para lhes construir, a todos, um futuro melhor. E a sua família, ah, a sua família era liberal e progressista.
Este ano, porém, seria diferente. Algo estava a mudar, sentia-o. A mudar dentro de si. Primeiro, a vontade de experimentar as roupas mais íntimas de sua mulher. Mais tarde, os estranhos sonhos com correias, correntes e algemas. Agora, mais estranho que tudo isto, a vontade de experimentar, pela primeira vez na sua vida, aquilo que toda a gente afirmava ser maravilhoso. FÉRIAS!

(cont.)