Tuesday, February 07, 2006

Há tempo.

Para sempre para ti significa nada para mim. A nossa dança não se resumia a um movimento de ancas, um twist. Talvez dessemos uma volta completa. Não. Nesta dança já há muito mudámos de pares. És fria, por isso fantasma. Não sabes para onde vais. Por isso, fantasmas por aqui. Não fantasmes mais.
As tuas palavras foram um desenho que esbocei, estou certo disso. O tempo passou desde que as proferiste, quase formando um escudo, quase como se não tivesses já boca porque não me recordo de uma fotografia tua na minha memória. As tuas palavras são como flocos de neve.
Para sempre só o será porque és fantasma não-exorcisado, ainda não-expulso. És um papel esquisito sobre o qual escrevo duas ou três linhas e depois desisto. Um papel estranho onde as palavras não param de brincar umas com as outras, de voar de um lado para o outro - porque escrevo a preto.
Como as palavras no meu papel, eu não páro de correr e estou de preto. Como uma conversa encontrada debaixo da sola de um sapato. Não páro de correr até descolar. Daí vou até à lua.
Uma cadeira confortável é tudo do quinhão que me calha da vida que me interessa. Só preciso de um dia para que o meu corpo se afeiçoe a ela. Para que se sinta à vontade para nela dançar, desenhar, fotografar, sonhar com os sonhos estranhos que me fazem querer sonhar mais para nunca mais acordar.
Enquanto durmo, as tuas palavras nevam lá fora. Tu navegas. Elas caem como se não fosse haver amanhã, como se o dia fosse sempre noite. O dramatismo das nossas palavras deixa-me louco.

6 Comments:

Blogger Joana said...

Gosto quando escreves assim.

2:11 AM  
Blogger Legionaria said...

eu nao fui propriamente, estou em http:reversodaalma.blogspot.com beijos
(vampiria)

2:27 AM  
Blogger Canephora said...

Muito bom este texto... expectáculo!

4:25 AM  
Blogger Sereia said...

Já tinha saudades de te ler Tubarão!

9:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

Há palavras assim... há situações assim... mais não digo porque não neva lá fora... neva dentro de mim...

1:17 PM  
Anonymous Anonymous said...

Joana: Gosto quando me dizes coisas assim.
Legionaria: ainda bem que não desapareceste de vez. Agora vê lá se vais aparecendo de vez em quando.
Canephora: Obrigado.
@: As palavras, como a neve, são levadas para longe de nós pelo vento da memória. Ou não.
Sereia: Já tinha saudades tuas.
Gina: De certeza que alguém terá um aquecedor "interior" para te emprestar!

11:05 AM  

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