Monday, March 06, 2006

Dialéctica

Há toda uma dialéctica de poderes entre nós. Combatemos deleitadamente a inércia de hábitos e rotinas, hábitos e rotinas, hábitos. Na retina da memória ficarão, para sempre, risos e mais risos e aventuras que tivemos, outras que imaginámos, outras que nunca o foram mas que souberam a tal.
Há toda uma dialéctica entre nós. A dos poderes é apenas uma. Há mas não há. Já aqui não estás. O combate é meu e só meu. As mensagens que absorvo diariamente são mesmo isso: absorvidelas próprias de quem não tem com quem partilhar. As rotinas são minhas e sou apenas um guerrilheiro, um atirador furtivo na construção de hábitos que já não são teus.
Sorri, porém. Não te acuso nem me acuso. Escuso-me a amaldiçoar-me ou a martirizar-me: foram poucos os pecados e a auréola dos bons momentos sempre brilhou em nós. Brilha agora em ti e, de certo modo, numa concha especial que as minhas mãos formam na retina das recordações-fantasma. Quis dizer alma. Mas essa entretem-se agora simplesmente a destruir aquilo que me poderia fazer cair na consumação de uma qualquer decadência vadia.

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