Thursday, December 29, 2005

Cidades

Apanhei um táxi por necessidade. Estava atrasado. Depois de comprar o jornal, enfiei-me logo no primeiro da fila. O táxi tresandava a suor. Disse-lhe: "era para a rua do Cruzeiro!" Resposta: "Era? Já não é?" Típico, pensei. Bem-disposto, lá foi alegrando a matinal converseta com lugares-comuns, banalidades e outros raios da sua sabedoria. Eu, sabendo que a viagem iria ser curta (e estando bem-disposto, coisa rara nos últimos 2 dias), alinhei no jogo. Fomos na palheta, até que o senhor se sai com esta: "sabe quantas verdades existem no mundo?" Tantas, pensei, que não faço ideia. "4", responde ele. "Existe a sua, a minha e a do outro". Fez uma pausa. Esperei que concluísse a sua exposição. Vendo que o homem não se desbroncava, lá perguntei... "Então e a 4 verdade?" "Calma", respondeu. "A quarta é A VERDADE!" Fiquei calado a pensar que até podiam ser duas verdades e meia, se a opinião de cada um contasse apenas metade. Entretanto, o fogarense passou a explicar. "Eu tenho a minha verdade, o senhor tem a sua, o outro tem a dele. Depois existe A VERDADE!" "É verdade!", respondi. Chegámos. Simpática maneira de começar o dia, não é verdade? Final do dia.

Chegou ao comboio, já careca, meia-idade. Colocou-se no meio da carruagem. Coloquei outro cd no disquemén. Ele ia fazê-lo pelo esportinguê. Despiu-se totalmente, excepção feita aos calções e às sapatilhas. Começou por fazer vinte flexões de braços, enquanto insultava o Benfica e o Porto. Vangloriava-se de ter já privado com o Sá Pinto e de ser conhecido em Sintra. Fez mais umas flexões de pernas enquanto se gabava do físico ostentado. Cumprimentava as pessoas e continuava a insultar os rivais clubísticos. Descobri depois que se exibia para um conhecido que vestia uma suéter leonina, autografada. Algumas pessoas riam. A maioria das pessoas ignorava a cena. O seu rosto era vermelho, do esforço e do orgulho. Entretanto, o comboio parte. Chegados a Santos, já vestido - sob o olhar atento de dois polícias - tentou cravar o jornal ao conhecido (que afinal não o era!) e despediu-se de todos dizendo "agora vou para a Kapital!" Estavam 10 graus lá fora. A carruagem ficou a tresandar a suor. Na verdade, não percebi...

11 Comments:

Blogger Joana said...

É uma das razões que me fazem aderir ao transporte público: é galhofa garantida!

Mas isto nunca apanhei...

Bjks

J

11:12 AM  
Anonymous Anonymous said...

eheheh... o dia correu bem! pelo menos falta de emoção não houve!!! (O problema é que isto espelha as cabecinhas pouco saudáveis que andam por aí... e não são poucas...)

1:43 PM  
Blogger Titá said...

Desejo que o ano de 2006 seja a tua melhor colheita de sempre. Que te traga uma vida cheia de côr, aroma, textura e em resumo, a maior das felicidades.
Que todos juntos, consigamos fazer de 2006 um ano de paz!

3:22 PM  
Anonymous Anonymous said...

"Estavão" ou estavam? Ai, que erro, meu filho! Que blasfémia para a língua portuguesa. Deve ser das companhias estranhas que encontras nos meios de transportes. Não se vende dicionários na cave onde trabalhas?
Como castigo, fazes duas cópias do livro de português, página 25 e 26.

7:46 PM  
Blogger TUBARÃO!!! said...

E um bom ano para ti, Tita.

São as pressas, ó sôr professor. Correcção feita, vergastadas dadas!

4:55 AM  
Blogger Unknown said...

Um ano de 2006 com tudo de bom, e com muitos posts tbem é claro! :)

8:38 AM  
Anonymous Anonymous said...

Bom Ano, cruzeiro. Bom ano.

8:39 AM  
Blogger segurademim said...

Desejo-te um Feliz 2006!!!!

8:52 AM  
Blogger Sara MM said...

jura... que dia animado!!! xiça!!!
eh!eh!

BJs e merci pelos Parabéns!

3:58 PM  
Blogger Cris said...

Está p máximo, este texto!

Um beijo muito grande e o desejo de um 2006 pleno de amor e sorrisos!

6:54 PM  
Blogger Sereia said...

Eu tb não percebi..lol...!!!
BOM ANO!!
beijos

4:55 AM  

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