Um simples dente

Os meus dias revolvem, ultimamente, em volta de uma obsessiva e sempre presente obsessão: arrancar o dente-do-siso. Já tive uma primeira, positiva e satisfatória experiência (dentro dos limites razoáveis do sado-masoquismo), mas a coisa não chegou aos calcanhares desta.
Dói quando mastigo. Dói quando penso. Dói quando converso com as pessoas. Dói-me quando penso no amor. Dói quando penso. É terrível. A tensão é insuportável. Todo o corpo está tenso, inflexível, abnegado na resistência que foi montada a este javalino ser que se instalou bem lá no fundo da mandíbula. Não fosse estar numa fase extremamente ocupada e, basicamente, estar um bocado a borrifar-me para a importância que ele quer ter na minha vida, e já o teria extraído.
É claro que, se quem me estiver eventualmente a ler, for leitora, poderá dizer: caramba, estes gajos são mesmo maricas! Então as períodicas dores menstruais? As dores-de-parto? Pois é. O máximo que posso dizer é que a minha solidariedade está convosco, leitoras, que passam por estes tormentos. Apenas posso imaginar. Certamente - e sem estar a pedir clemência ou compreensão, claro, algumas de vós já tiveram este tipo de dor-de-dentes. É mesmo tramada.
A minha dúvida, de tipo prático, é: vou ao dentista ou ao hospital? Já ouvi defender ambos os lados... estou demasiado dorido para decidir...
Há algum cirurgião por aí?